5 de dez. de 2009


Senhorita Abraão


Em 1857, quando mulheres não tinham direito a praticamente nada na sociedade da época, um grupo de mulheres, que trabalhavam em uma fábrica de roupas nos Estados Unidos, decidiram protestar contra as injustas e condições de trabalho a que eram submetidas. E eu não estou me referindo à sujeira no local, ou ao volume de trabalho que que lhes era imposto, mas simplesmente as 16 horas diárias que elas tinham que trabalhar por um terço do salário que os homens recebiam, naquela mesma fábrica, exercendo as mesmas funções – não era pedir demais, não é mesmo?

Bom, aparentemente, foi visto como um abuso aquele protesto. Cerca de 130 mulheres foram trancadas dentro da fábrica e queimadas vivas. Tudo isso por causa daquela injustiça, que se tornou uma má notícia em todos os jornais da época... E um século depois, o dia internacional da mulher foi estabelecido no dia 8 de março para ser comemorado em todos os anos.

O século passado foi praticamente o período dos direitos iguais para nós – algumas décadas atrás nós não podíamos dirigir, votar, nem assumir nenhuma posição superior a nenhum homem. Éramos vistas como decoradoras do lar, mães de filhos, e incapazes de vivermos por nós mesmas. Agora, imagine milhares de anos atrás? Como deveríamos ser vistas então?
No tempo de Abraão, mulheres eram vistas simplesmente como uma máquina de fazer filhos ou instrumento sexual. Homens costumavam tomar para si o maior número de mulheres possível a fim de aumentar sua família e assim se tornarem mais poderosos. Porém, nosso pai na fé agiu diferente, assim como todos os homens e mulheres que Deus escolhe usar! Sara, sua mulher, era estéril, por isso Abraão viveu a maior parte de sua vida sem filhos, mas ainda assim, marido de uma só mulher – isso é o que eu chamo de um homem de verdade! Sua esposa era mais importante do que filhos, posição social, poder ou posses.

Quando eu penso em Abraão, meu coração arde com uma fé indescritível... Este homem deixou sua família, religião, costumes, e sua terra natal para ir para um lugar desconhecido por causa do chamado de um Deus desconhecido. E ele acreditou sem questionar que este Deus, do qual ele nunca havia ouvido antes, mudaria sua vida para sempre. Isso se chama fé – a verdadeira fé.

Muitas pessoas pensam que fé é fazer maravilhas, mas o pai da fé não fez nada extraordinário... ele era diferente, ele não vivia da mesma maneira que as pessoas de sua cidade viviam, nem com a mesma cultura. Ele era sensível à sua própria consciência; sua esposa não era apenas um objeto para ser usado quando ele desejasse, mas sua outra metade, uma verdadeira companheira para toda a vida.

Considerando esta grande virtude em Abraão, Deus o escolheu. Sua fé era evidente antes mesmo do seu chamado – sendo marido de uma só mulher conforme Deus havia planejado desde o princípio. E para completar, Abraão creu em seu chamado. Isso é tudo. Se você tem que aprender algo sobre fé, observe a vida de Abraão e note essas duas coisas:

Ele era diferente – ele tinha a consciência tranqüila diante de Deus e dos homens. Ele fazia o que era certo, não importando as conseqüências.

Ele acreditou – apesar de não ter testemunhos de outras pessoas para se apoiar, uma igreja para freqüentar, ou mesmo uma Bíblia para que pudesse basear-se nela. Ele acreditou sem ter nenhuma prova, e por causa de sua crença, ele obedeceu.

Se você tiver em si estas duas poderosas qualidades que se resumem em fé, você pode se considerar uma ‘Senhorita Abraão’ dos dias de hoje.
(Cristiane Cardoso)

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